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Dom Amilton Manoel da Silva concede entrevista e fala sobre seu primeiro ano à frente da diocese de Guarapuava

Por causa da pandemia de Coronavírus, o quinto bispo diocesano tomou posse no dia 18 de julho de 2020, em uma celebração restrita na catedral Nossa Senhora de Belém.

16/07/2021

Em 18 de julho de 2020, Dom Amilton Manoel da Silva assumia os trabalhos como o quinto bispo da diocese de Guarapuava.

Por causa da pandemia de Coronavírus, a missa de posse na catedral Nossa Senhora de Belém, foi restrita a membros do clero, autoridades civis e representantes de pastorais.

A celebração que foi transmitida pela Rádio Cultura de Guarapuava e pelas redes sociais da diocese, levou alegria e esperança à população.

Na ocasião, em sua homilia, Dom Amilton lembrou de todos os que gostariam de se fazer presentes, mas que foram impedidos por causa das orientações das autoridades em prevenção à COVID-19. “Querido povo de Deus, aqui representado por alguns, eu agradeço a presença. O momento é extraordinário, porém, não nos impede de vivermos a comunhão de coração e alma. Por isso, eu agradeço, a cada um que acompanha esta celebração de posse de suas casas, através dos meios de comunicação, das redes sociais, enfim. Muitos gostariam de estar aqui hoje, pois estamos celebrando a Igreja. E eu tenho certeza de que a catedral e a cidade estão conectadas de coração e alma com todos, e isto faz com que, cada vez mais, cada um sinta e viva o verdadeiro compromisso cristão”, proferiu o bispo na ocasião.

Ainda durante a homilia, o novo bispo diocesano falou sobre seu projeto de evangelização para a diocese, a partir do seu lema episcopal: “Gloriar-se na Cruz de Cristo” (Gl 6,14). Conforme pontuou, a escolha desse texto bíblico vai ao encontro da base que deve sustentar uma diocese, porção importante da Igreja em todo o mundo. “O Papa Francisco, há muito que vem pedindo para que não confundamos serviço, com servilismo. Pois se o primeiro imita Cristo, que não veio para ser servido, mas sim, para servir e dar a vida, o segundo, o servilismo, são os que se aproveitam das funções que a Igreja lhes confiou, para se servirem, em um personalismo doentio que enfraquece o Santo Evangelho. Queridos irmãos e irmãs, que o nosso serviço na diocese de Guarapuava, esteja sempre alicerçado em motivações eclesiais, e jamais, em interesses pessoais e de grupos”, destacou Dom Amilton.

PROJETOS

Dentre os muitos projetos do novo bispo, visitar as paróquias e comunidades de diocese figurava como o principal para se ter uma ideia da dimensão dos trabalhos a serem desenvolvidos.

As visitas foram cumpridas em um cronograma estipulado previamente e, em seguida reuniões e conversas com o clero e com os leigos, passaram a nortear os trabalhos da Igreja.

Um ano depois, o Centro Diocesano de Comunicação (CDC), convidou o quinto bispo da diocese de Guarapuava para falar sobre as dificuldades, perspectivas e esperanças para esta porção importante da Igreja no Paraná.

Dom Amilton aceitou o convite e concedeu a entrevista que pode ser lida abaixo:

CDC: Um ano é um tempo curto demais em se tratando da vida. No entanto, dentro de 365 dias, muita coisa pode acontecer. Neste período de um ano, o que mudou em sua vida?

Dom Amilton: Mudou muito. De bispo-auxiliar para bispo diocesano (titular). As responsabilidades aumentaram, o espaço evangelizador é outro..., mas essa mudança me fez bem. Sempre gostei de novidades, essa é uma boa novidade, porque a causa é nobre: Jesus Cristo!

CDC:  Quando da sua nomeação para assumir o bispado de Guarapuava, o País vivia o início da pandemia de Coronavírus e ninguém sabia ao certo para onde as coisas caminhariam. Naquele momento, o senhor sentiu algum tipo de medo? Ficou apreensivo?

Dom Amilton: Não diria medo, mas inquietação e uma certa angústia, pois a preocupação é: O que fazer se tudo está restrito? Como me aproximar das pessoas se estamos em isolamento social? Você acaba tendo mais perguntas do que respostas. No entanto, tudo correu bem desde a posse canônica, no dia 18 de agosto de 2020. Me senti acolhido por parte dos padres e do povo; fui envolvido num clima familiar desde o início, isso ajudou imensamente.

CDC: Quando chegou à diocese de Guarapuava, a primeira providência que o senhor tomou, foi conhecer a realidade das paróquias, comunidades e instituições. Em que essa ação contribuiu para a condução dos trabalhos?

Dom Amilton: Mesmo com a pandemia e tomando todos os cuidados, fiquei alguns dias em Guarapuava e depois, com o padre Sebastião José Gulart, coordenador da ação evangelizadora, visitei as 47 paróquias e algumas instituições da diocese. O objetivo foi conhecer os padres e ver de perto seu espaço evangelizador, bem como as lideranças de cada paróquia; foi um momento privilegiado. Isso contribuiu positivamente para os passos seguintes, sobretudo em algumas decisões, pois uma coisa é você receber informação, outra é estar próximo, escutar, dialogar, propor... Sinto que essa visita missionária encurtou a distância entre mim e os padres, entre mim e o povo.

CDC: Além da pandemia que mexeu com a vida de todos, qual outra dificuldade ou preocupação imediata que o senhor teve tão logo assumiu o bispado?

Dom Amilton: Pontuo duas preocupações imediatas. Uma de ordem psicológica: se haveria aceitação da minha pessoa, e outra de metodologia: abertura para aprender. Também o desejo de conhecer logo a história da diocese, com a consciência de que eu não estava começando do zero; uma vez que a diocese já tinha 54 anos de instauração. Uma longa caminhada, onde quatro grandes pastores estiveram à frente dela e muita coisa bonita já estava acontecendo. Aos poucos fui tomando conhecimento de tudo, sobretudo dos desafios, mas nunca me senti sozinho, sempre estiveram por perto os padres e o povo. Isto me deu segurança nas várias decisões.

CDC: Como foi seu sentimento quanto à recepção por parte do povo quando aqui chegou? Houve empatia, conexão espiritual já neste primeiro momento?

Dom Amilton:  Eu me senti muito acolhido e abraçado como se eu já fosse “filho da terra”. Eu já havia passado por Guarapuava, quando era Superior Provincial dos padres Passionistas e nessas passagens, passei a admirar e gostar do povo desta cidade. Assim, vir para cá não foi nenhum sacrifício, pelo contrário, foi uma grande alegria, e não me enganei! Sim, a empatia e a hospitalidade sempre foram explícitas, desde o primeiro momento da minha chegada, por parte de quem me esperou na porta da casa, como Dom Antônio Wagner (Antônio Wagner da Silva, bispo diocesano anterior a Dom Amilton) e alguns padres e no dia a dia com os funcionários e funcionárias e com o povo que fui encontrando...

CDC: Conduzir esta porção da Igreja é tarefa árdua, todos sabem. No entanto, o senhor desenvolve diversas atividades simultaneamente. O senhor trabalha com alguma programação?

Dom Amilton: Eu sei por que estou aqui: pela vontade de Deus e da Igreja. E tenho uma meta: Jesus Cristo e o Evangelho; a glória de Deus e a salvação do povo; a comunhão eclesial e a sinodalidade. O que vai acontecendo dentro disso vou buscando dar respostas, pela oração, a escuta de Deus, interrogando o Colégio de Consultores, algumas lideranças das comunidades..., isso me ajuda no discernimento e nas decisões. A programação vai acontecendo na medida em que as necessidades vão surgindo.

CDC: O senhor percebeu muita diferença entre trabalhar como bispo-auxiliar em Curitiba, e agora, estar à frente da maior diocese do Paraná, uma das maiores do Brasil?

Dom Amilton: Aprendi muito como bispo-auxiliar no período de dois anos e meio. Trabalhar com o Dom Peruzzo (José Antônio Peruzzo) e Dom Francisco Cota, foi uma escola de fraternidade, amizade, partilha e cumplicidade na missão. Assim, vim para a diocese de Guarapuava com uma certa segurança. Antes de ser nomeado bispo, fui Superior Provincial por cinco anos. De certa forma, esses serviços se cruzam, uma vez que, coordenar uma Província religiosa exige liderança e doação plena. Nesse sentido, vou me adaptando às diferenças que vão surgindo na missão e encarando como aprendizagem os desafios.

CDC: Como o senhor percebe o ânimo da comunidade para retomar os trabalhos no pós-pandemia?

Dom Amilton: O nosso povo é bom e muito religioso. Temos tido dificuldades de segurar as pessoas em casa por causa das restrições. Vejo um desejo incontido nos corações, de retomarem as atividades religiosas normalmente. Sinto que as pessoas estão com saudades das suas comunidades e das pessoas que compõem a sua pastoral ou o seu movimento. Os católicos estão sedentos da vida eclesial, dessa forma, voltar na pós-pandemia é uma questão de tempo. Aguardemos, tomando todos os cuidados, pois a pandemia ainda não cessou.

CDC: Para finalizar, eu peço para que o senhor fique à vontade para explanar sobre o que achar necessário e que, porventura, eu não tenha perguntado.

Dom Amilton: Eu gostaria de partilhar três conquistas da diocese, neste primeiro ano que aqui me encontro. Não é mérito meu, já encontrei um chão fértil e pessoas dispostas a colaborar, então agimos juntos: A elevação a Santuário de Nossa Senhora de Belém, a antiga Catedral; o seminário de filosofia que nunca teve na diocese e hoje está instalado junto à casa paroquial da paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora das Dores e o Tribunal Eclesiástico já inaugurado no fim do mês de junho. Essas três realidades estão no campo da espiritualidade, da formação e da evangelização. Acrescento ainda o plano de pastoral diocesano, que está sendo elaborado e algumas comissões já em funcionamento como: da juventude, da catequese, da família, da liturgia e da ação social, com a criação da Caritas diocesana. Como lembra o Papa Francisco: “A novidade é sempre o próprio Deus, Ele nos surpreende, nos aponta caminhos e nos provoca; mas nos dá forças para responder com fé e alegria”. Gratidão a todos (as), pelo testemunho de fé, de esperança e de amor ao próximo. Continuemos a caminhar juntos!

Desde já, muito obrigado pela disponibilidade.

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