23/02/2021
Em vídeo divulgado nas redes socais, o arcebispo de São Paulo, o cardeal Odilo Scherer, esclareceu pontos sobre o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Segundo ele, quando se fala que a Igreja Católica faz ecumenismo com os muçulmanos ou budistas não se trata de ecumenismo, mas de diálogo inter-religioso. “Porque são religiões diferentes”, disse.
O cardeal disse que com as religiões diferentes, que não são da mesma matriz Cristã, se busca o diálogo inter-religioso. Neste caso, segundo ele, não se faz oração em comum, mas diálogo e manifestações sobre muitas questões. “Seguindo as normas sobre o diálogo inter-religioso, caso seja organizado um ato comum, cada religião faz a sua própria oração”, adverte o cardeal.
Por outro lado, de acordo com Dom Odilo, a doutrina da Igreja orienta que o diálogo ecumênico é o que precisa ser buscado entre as Igrejas Cristãs: católicos, protestantes, ortodoxos, anglicanos, entre outros.
COMO FAZER CORRETAMENTE O DIÁLOGO ECUMÊNICO
Para o arcebispo é importante falar sobre o diálogo ecumênico uma vez que se percebe que nem tudo que se faz é correto. Um exemplo que ele citou foi a celebração, na Quarta-Feira de Cinzas, dia 17 de fevereiro, na qual um padre católico convidou um pastor evangélico de outra Igreja cristã para concelebrar com ele a missa no altar na paróquia Sagrado Coração de Jesus, na diocese de Jundiaí (SP).
“A celebração da Eucaristia em comum deve ser o ponto de chegada do diálogo ecumênico tendo em vista a reconciliação e comunhão plena entre as igrejas Cristãs”, disse. Antes desta comunhão plena, contudo, o arcebispo adverte existir muito caminho a andar, sobre questões teológicas e doutrinais.
O cardeal explicou também, que existem níveis onde o diálogo deve ser buscado pelas igrejas Cristãs. O nível mais alto, segundo ele, é o diálogo doutrinal realizado entre as instâncias representativas do magistério das diferentes igrejas.
Existe também o diálogo teológico e a reflexão feita pelos teólogos buscando identificar, nas questões divergentes, pontos onde é possível se aproximar. “O diálogo teológico é importante para se chegar ao diálogo doutrinal”, disse.
Por fim, o arcebispo aponta a existência do ecumenismo de base praticado pelas comunidades eclesiais. Este, segundo Dom Odilo, deve basear-se no respeito aos cristãos que creem diversamente dos católicos. “Isto não significa que nós renunciamos a nossa fé e a nossa forma de crer”, disse. O ecumenismo também pode ser feito por meio de ações conjuntas de caridade entre as igrejas sem discutir questões doutrinais. O religioso acredita ser possível realizar também oração em comum entre os cristãos. Um bom exemplo, é a Semana de Oração pela Unidade Cristã, realizada anualmente.
CNBB