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Catedral Nossa Senhora de Belém em processo de mudança

O projeto foi reavivado recentemente, por Dom Amilton Manoel da Silva. Nenhuma diocese pode possuir duas catedrais. Segundo o projeto, depois da mudança para a igreja nova, a antiga e histórica catedral será transformada em santuário.

20/10/2020

Em obras há mais de vinte anos, contando com a elaboração do projeto, Guarapuava terá a nova igreja dedicada a Nossa Senhora de Belém elevada à catedral.

O projeto já vem de longa data, mas foi reavivado recentemente, depois da posse de Dom Amilton Manoel da Silva, como quinto bispo diocesano.

Por determinação de Dom Amilton, o pároco da catedral, padre Jean Patrik Soares, está à frente do processo que reúne a documentação necessária que será enviada ao Vaticano, para que a nova igreja seja elevada ao novo posto. Neste ínterim, a igreja antiga, carinhosamente chamada pelos fiéis de “Catedral Velha”, será transformada em santuário.

Os dois processos, tanto o de transformar a antiga igreja em santuário como o de elevar a nova à catedral, são morosos e demandam estudos e dedicação.

Em entrevista ao repórter Tonico de Oliveira, da Central Cultura de Comunicação, padre Jean Patrik falou sobre a transferência da catedral para a nova igreja e deu detalhes desse caminho transformador para toda a comunidade católica que pertente à diocese.

“Estamos no início deste projeto. Este momento ia chegar em algum período. E agora, Dom Amilton, depois de sua chegada, se interessou pelos trabalhos, pelo projeto e está encabeçando o processo para que logo, este seja realizado em relação a essa transferência, que é também uma grande mudança para toda a nossa comunidade”, destacou padre Jean.

Segundo o pároco, a mudança de uma catedral em qualquer diocese, é um processo natural e que precisa ser encaminhado ao Vaticano. Conforme explicou, só leva o título de catedral uma igreja que é sede de uma diocese e que possua seu bispo. A documentação, conforme contou o pároco da catedral, será encaminhada ao monsenhor Antônio Ailson Aurélio, que é da diocese de Guarapuava e que atua no Vaticano como Oficial da Congregação para os Bispos, para que o processo siga todos os trâmites necessários. “Vale lembrar que este é um registro que ocorre junto ao Vaticano, junto à Congregação para os Bispos. Monsenhor Ailson Aurélio, que é da diocese de Guarapuava e trabalha na secretaria, tem nos auxiliado nesse processo. Nos registros do Vaticano, consta como catedral a igreja mais antiga. Para que possamos regularizar junto ao Vaticano este processo, nós precisamos encaminhar um projeto de transferência da catedral para a nova igreja. Não existe uma diocese que tenha duas catedrais. Sabemos, portanto, de alguns casos, onde existe uma ‘concatedral’, como é o caso de Francisco Beltrão, onde a diocese pertence a duas cidades (Palmas e Francisco Beltrão). No entanto, no mesmo território, isso não pode ocorrer. Deve haver apenas uma catedral, pois o nome já diz que catedral é a sede da diocese, onde está a cátedra do bispo, ou seja, sua cadeira. No momento, esta cadeira está na igreja menor, mas que deverá ser transferida para a igreja maior, depois dos trâmites”, detalhou padre Jean.

DEPOIS DA MUDANÇA

Depois do processo de mudança, quando de fato ocorrer a transferência da sede da catedral da diocese, a igreja antiga será transformada em um santuário. Para que isso ocorra, haverá também um processo que requer documentações e muito trabalho, conforme contou padre Jean Patrik. “Todos nós temos um carinho, um afeto para com a catedral antiga. Ela é uma igreja menor, mais aconchegante, tem uma beleza arquitetônica e artística únicas. Então, é muito sentimento que está ali, presente naquela igreja. Isto é interessante, porque quando o sagrado é bem-feito, você nem precisa falar muito, pois a catedral fala com você. Lá, você se comunica com a arte, com a fé. Há toda uma espiritualidade que vai ser mantida e preservada. Nós continuaremos usando a catedral antiga para celebrações menores, no sentido de número de pessoas, no dia a dia. Depois dessa transferência, a antiga igreja será transformada em um santuário. Este é o projeto que Dom Amilton retomou agora, mas que já vem de vários anos. Pelos documentos e, em conversa com o padre Bessa (padre José de Paulo Bessa, ex-pároco da catedral Nossa Senhora de Belém e que deu início às obras da nova igreja), tomamos conhecimento de que já havia esta intenção, ou seja: criada a igreja nova, transformada esta em catedral, a antiga passaria a ser um santuário aberto às visitações e momentos de orações, enfim”, explicou padre Jean à reportagem.

PROJETO POSTERIOR

A transformação da antiga igreja em um santuário, é um projeto posterior à mudança da catedral e que deve ser trabalhado, estudado e pensado, juntamente com a coordenação, o bispo e a comunidade, segundo destacou padre Jean. “Depois de todo o processo de transferência concluído, vamos, juntamente com os coordenadores, o bispo e a comunidade, partir para o trabalho no processo de criação do Santuário Diocesano Nossa Senhora de Belém”, pontuou padre Jean.

Ainda não há uma previsão de quando as mudanças serão, definitivamente, concretizadas.

Conforme Dom Amilton, com a transferência da catedral para a nova igreja, haverá todo um processo de adequação e preparação daquele espaço, para que este seja considerado um santuário. A participação da comunidade com orações e ações, conforme o bispo, é de fundamental importância.

HISTÓRIA DA CATEDRAL

No Brasil, como em muitos Países, a maioria das cidades foram fundadas em torno de uma comunidade católica. Grande parte destas cidades têm nomes de santos ou algo que remeta ao cristianismo, ao catolicismo, em si. Com Guarapuava, não foi diferente. Embora a cidade não leve o nome de santo, o catolicismo está tão arraigado na história do município que é impossível separar uma situação da outra.

A hoje paróquia e catedral Nossa Senhora de Belém foi ponto chave para que os aspectos físicos e geográficos da cidade evoluíssem, passando de simples povoado provinciano à cidade importante para o Paraná e para o Brasil, que é hoje.

Muitos eventos que até certo ponto seguiam por rumos diferentes, em dado momento se entrecruzaram com a história da catedral e, assim, à forma de unicidade permanecem juntos até os dias atuais.

IMAGEM DA SANTA

Segundo alguns registros, endossados pela oralidade popular, a imagem de Nossa Senhora de Belém veio de Portugal em 1818, trazida por dona Laura Rosa da Rocha Loures. A caminho da região, a expedição foi atacada por índios Kaigangs, às margens de um rio. Dona Laura fez uma promessa para que, se conseguisse sobreviver ao ataque, construiria uma capela para homenagear Nossa Senhora, como forma de agradecimento à Virgem. A mulher foi ferida, mas sobreviveu, apesar de muitos da expedição terem perdido suas vidas no ataque. Desta forma, o rio onde a batalha ocorreu às suas margens, passou a ser chamado de Rio das Mortes, atualmente, ponto de referência para o município e o Estado.

Em se tratando da construção da igreja, esta já estava nos planos do vigário curitibano e grande evangelizador que atendia à região. Seu nome era Francisco das Chagas Lima.

Vale destacar que no entendimento de padre Chagas, a comunidade se uniria cada vez mais com a construção da nova igreja, tornando a então vila, um lugar de destaque no Paraná e no Brasil que, à época, passava a se voltar para o interior com interesses visíveis e necessários de povoação e domínios territoriais. Com este intuito, ele próprio elaborou o projeto arquitetônico e estrutural da hoje catedral, buscou recursos através de doações da comunidade, principalmente financiamento político e, em 1819, conseguiu inaugurar a igreja que, a partir de então passou a ser ponto referencial e de encontro das famílias na cidade.

PADRE CHAGAS

A história do sacerdote Francisco das Chagas Lima, o padre Chagas, se mescla com a história da catedral Nossa Senhora de Belém e com a criação do município de Guarapuava.

Nascido em Curitiba, em 1757, padre Chagas foi considerado um visionário para sua época. Tornou-se presbítero muito cedo e as questões indígenas sempre foram seu foco de atuação.

De julho de 1784 até setembro de 1795, foi vigário de Curitiba. Em 1800, o governo do Estado de São Paulo lhe designou a tarefa de catequisar os índios que, à época, eram considerados povos errantes e muitas tribos, além da amargarem a miséria extrema, eram acometidas por várias doenças e as frequentes guerras que dizimavam centenas de pessoas de uma só vez. Pelo trabalho com este povo, padre Chagas foi considerado “Apóstolo dos Gentios”. Segundo relatos históricos, ele dedicava grande parte do seu tempo à catequese e aos cuidados com índios doentes. Ainda de acordo com a história e a oralidade popular, este apostolado ele exercia com muito amor e dedicação. O sacerdote chegou a escrever um catecismo na língua nacional dos índios Purys, única fonte que se tem atualmente sobre a dialética deste povo que foi extinto e teve sua língua morta.

Em maio de 1804, padre Chagas passa a trabalhar como vigário de Guaratinguetá, em São Paulo. Depois foi o fundador da Aldeia de São João de Queluz, de cuja igreja foi o administrador das obras. Na ocasião, o religioso precisou enfrentar e saber lidar com a extrema pobreza e a fome das pessoas do lugar. Muitos destes moradores eram caboclos e indígenas. Percebendo a situação precária da população de Queluz, interveio junto ao governo e conseguiu deste, vários talhões de terra para que o povo cultivasse café. A ideia deu certo. Depois da adesão à nova cultura, muitas famílias saíram da linha da miséria e passaram a sobreviver de forma mais digna.

Em 1809, foi promovido ao posto de Primeiro Capelão da expedição a Guarapuava, um trabalho considerado de extrema importância, pois através dele, a abertura de novas regiões do Brasil seriam possíveis. Padre Chagas foi então nomeado vigário da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, atual cidade de Guarapuava, com o intuito de catequisar os índios chamados Gentios, que habitavam os arredores do Fortim Atalaia, um ponto estratégico onde se travou grandes batalhas naquele período sempre resultando em muitas mortes.

Padre Chagas chegou a Guarapuava com a Real Expedição do Comandante Diogo Pinto de Azevedo Portugal, da qual faziam parte pelo menos trezentas pessoas. Deste grupo, mais de duzentos eram soldados. Segundos dados históricos, muitos escravos também fizeram parte da comitiva, mas, como naquele período eram tratados como propriedade e não como pessoas, eles sequer entraram na estatística. Desta forma, os próprios historiadores admitem uma grande deficiência em explicar quantos eram estes homens e mulheres que literalmente abriram caminho por entre a mata e na região de Guarapuava se estabeleceram, contribuindo de forma direta e, muitas vezes, com as próprias vidas, para que o lugar se transformasse.

Também segundo a história, nem todos esses civis chegaram às novas terras por livre e espontânea vontade. Muitos deles se sentiam amedrontados e ameaçados de morte pelas tribos indígenas que habitavam a vasta extensão de terras. Guarapuava, à época, era chamada de “Koran-bang-rê”.

O Cacique Guairacá (autor da frase: “Esta terra tem dono!”) derrotou o exército paraguaio comandando doze tribos indígenas.

Por ordem do rei, o comandante Azevedo Portugal recrutou os colonizadores entre fazendeiros de Curitiba e pessoas que não possuíam estabelecimento fixo (vieram poucas mulheres e houve muitos casamentos forçados de colonizadores com índias) para participarem da expedição.

Anos depois, entre 1812 a 1859, também foram enviados para continuar o povoamento de Guarapuava muitos criminosos já sentenciados que cumpririam pena de trabalho forçado, sem salário algum nas novas terras.

Padre Chagas, por sua vez, foi quem celebrou a primeira missa no povoado, em 1810, no Fortim Atalaia. Ele foi escolhido para a tarefa, pela facilidade que tinha no trato com os povos indígenas. Relatos escritos à época dão conta de que o fato de ele os tratar com respeito e igualdade, fazia com que estes confiassem em suas ações e aderissem à sua catequese sem muito relutar. Muitos se convertiam ao catolicismo e passavam a ajudar o sacerdote em suas tarefas.

Em seus trabalhos de evangelização, padre Chagas recebeu ajuda de um cacique chamado Antônio José Pahy. Este colaborou com os trabalhos de evangelização entre 1912 e 1819. Conta-se que a catequese prosperou muito neste período, graças às virtudes do cacique Pahy e seus princípios morais usados para conquistar a confiança dos outros índios para que estes passassem a estudar o cristianismo.

Com a morte de Pahy, foi escolhido pelo comandante para dar sequência aos trabalhos de evangelização, o cacique Luiz Tigre Gacon. No entanto, Gacon era considerado muito cruel e, por exigir que os índios trabalhassem forçadamente, não foi aceito e a missão de evangelização e de catequese decaiu.

MODO DE VIDA

Os índios viviam em grupos e, estes grupos, por sua vez, guerreavam entre si. Havia conflitos frequentes entre os Kaigangs, que moravam nas aldeias e os Cayeres, que habitavam a região chamada de sertão. Destes conflitos maiores, outras guerras se formaram entre os Votorões, os Dorins e os Xocrens. Em uma destas batalhas, a aldeia dos Kaigangs junto ao Fortim Atalaia, foi destruída e muita gente morreu. Alguns sobreviventes se mudaram para os Campos de Palmas e outros foram para o Norte do Paraná em busca de melhores condições de instalações. 

Através de sua influência política e pastoral, em 1819, padre Chagas conseguiu um alvará que lhe dava direito a iniciar a formação de um novo povoado. Criou-se então, a Freguesia Nossa Senhora de Belém. Os primeiros habitantes na nova vila, foram os moradores que sobraram da matança que havia ocorrido tempos atrás, no Povoado Atalaia, por ocasião da guerra dos índios. A tribo Kaingang, por sua vez, permaneceu na região evitando assim qualquer contato com os brancos e com outras tribos. De certa forma, permaneceram segregados, mas sempre alertas para qualquer imprevisto que pudesse ocorrer.

A escolha de uma planície para fundar a Freguesia, se deu pela facilidade geográfica do lugar. O novo povoado ficava a uns nove quilômetros do antigo.

O documento chamado de: “Formal da Criação da Povoação e Freguesia de Nossa Senhora do Belém nos Campos de Guarapuava”, foi redigido por padre Chagas e o comandante interino da expedição, Antônio da Rocha Loures. Estes figuram na história como os fundadores do município de Guarapuava, que foi como o lugar passou a ser chamado posteriormente.

Com a diplomacia que lhe era nata, padre Chagas costumava fazer a ponte, ser o elo entre índios e colonizadores. Por ter catequizado três tribos indígenas, falava com fluência suas línguas. Especialistas na língua Kaingang, atribuem a ele um vasto vocabulário escrito e publicado anonimamente, em 1852, de um dialeto intitulado “Língua Bugre”.

Em 1825, aproximadamente duzentos índios do sertão assaltaram a região de Atalaia, queimaram as propriedades e mataram o cacique Gacon e mais vinte e sete indígenas. No dia do ataque, o padre, que estava dormindo no aldeamento, ao perceber a emboscada, fugiu para o mato em busca de ajuda. Na manhã seguinte, voltou com reforços para providenciar tudo o que fosse necessário: enterrou os mortos conforme os ritos católicos já que, segundo relatou, todos eles eram batizados com exceção de um que estava sendo preparado para tal sacramento cristão. Além dos vinte e oito mortos, toda a colheita de milho e feijão do ano foi incendiada, bem como todas as roupas e objetos que existiam no aldeamento, também. Padre Chagas, como responsável não só pela catequização e evangelização, mas também pelo sustento e alojamento dos indígenas, precisaria encontrar um novo lugar para abrigar os aldeados. Então se encaminhou com os setenta e três sobreviventes, e mais trinta índios não aldeados que encontrou pelo caminho, para um lugar relativamente próximo à Freguesia Nossa Senhora de Belém. Essa localidade foi denominada pelo presbítero Chagas Lima de “Nova Atalaia”. Ele escreveu: “Este lugar de Nova Atalaia está à vista da Freguesia, da qual não dista mais que uma légua de bom caminho. É neste lugar que faço minha principal residência, promovendo a feitura de novas casas para moradia dos índios, das quais tenho feito levantar três maiúsculas e outras tantas menores, além de outra mediana, que comprei a um paisano que ali morava, e me ofereceu, quando se quis mudar para outra parte: todas cobertas de palha. Agora estou cobrindo de telhas mais uma, que é grande, com bastante comodidade, para nela se erigir um oratório, em que se possa dizer missa quando necessário”.

INSEGURANÇA E CONFLITOS DE INTERESSES

A violência empregada no ataque a Atalaia causou insegurança entre os fazendeiros da freguesia que à época eram em pequeno número, mas possuidores de grandes extensões de terras. Isso gerou um conflito entre o padre e os proprietários que queriam os índios do sertão mortos e o fim da aldeia dos Kaigangs. Padre Chagas disse: “Quanto não deverei eu estar consternado, e penetrado de dor até hoje [...]. Porém, o que mais me tem aumentado minhas aflições, é estar vendo e conhecendo, que o povo português que aqui se acha, em vez de me confortar, me impõe, arguindo-me com seus conventículos particulares, como se minhas faltas de prevenções tivessem ocasionado esta desgraça. É desses conventículos que saiu um precipitado e absurdo requerimento para a extinção de todos os selvagens de Guarapuava, pelas armas da expedição”, lamentou em um de seus discursos.

Para os fazendeiros, os índios eram apenas mão de obra e, por isso, permitiam as aldeias cristãs tão próximas. Para o padre, no entanto, os indígenas eram irmãos de fé, catecúmenos e, sobretudo, filhos de Deus.

EM DEFESA DOS NATIVOS

Em 1824, padre Chagas escreveu, quando houve uma tentativa de abandono em massa por parte dos indígenas da aldeia de Atalaia: “Tendo eu aviso nesta freguesia, que os índios e índias da Atalaia, quase todos [...] se tinham retirado em figura de irem estabelecer nos seus antigos lares do sertão; no mesmo instante montei no meu cavalo e [...] fui atrás deles; e os convenci a voltarem à sua aldeia; e a seguirem nela como dantes a religião cristã, que haviam professado”.

Os fazendeiros, além de criticar o trabalho do religioso, dizendo que ele não era rígido com os índios da aldeia, não os reprimindo, e que, por isso, não trabalhavam direito, acabaram por sugerir a guerra contra os “índios do sertão”. Esses povoadores também pediam o fim da separação entre o aldeamento dos índios Kaigangs e a freguesia. Padre Chagas disse aos fazendeiros que não julgava a atitude deles inteligente a de agir com violência contra os indígenas, pois isso somente prejudicaria o contato e a aproximação pacífica a fim de converter aqueles grupos ao cristianismo. No entanto, os colonizadores consideraram como devaneios as ideias de padre Chagas. Este, por sua vez, rebateu dizendo que antes de os fazendeiros chegarem a Guarapuava ou a qualquer região do País, os índios já habitavam o lugar, o que, os fazia, por direito, os verdadeiros donos da terra.

Por dizer sempre o que pensava, padre Chagas fez muitas inimizades. O comandante Antônio da Rocha Loures, não era a favor de matar os índios do sertão. O padre o tinha convencido quando disse: “Além disso, como seriam realizadas as incursões aos sertões sem os índios que serviam de guias? Como ficaria a segurança da freguesia se o período de 12 anos de paz entre índios e povoadores fosse suspenso?”, questionou. Ele acreditava que se houvesse um massacre dos índios, ninguém conseguiria permanecer em Guarapuava, devido à violência a que estariam expostos em virtude das vinganças que lhes seriam aplicadas pelos nativos.

Pensando diferente, o comandante era a favor de que os índios se alistassem e passassem a fazer parte do exército e trabalhassem ao lado dos soldados brancos na defesa do território, por

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