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Entrevista com Dom Bruno Versari sobre a "Semana Nacional da Família"

Dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Campo Mourão (PR), referencial para a Pastoral Familiar na Igreja do Paraná e membro de Comissão Episcopal Vida e Família da CNBB

24/07/2020

O mês de agosto é dedicado às vocações na Igreja do Brasil. Uma prática que acontece desde o ano de 1981, quando os bispos do Brasil, reunidos na 19º Assembleia Geral, instituíram agosto como o mês vocacional, a fim de conscientizar as comunidades da responsabilidade que compartilham no processo vocacional. Desde então, cada domingo de agosto é dedicado para celebrar e rezar por uma vocação específica. No primeiro, as vocações ao ministério ordenado; no segundo a vocação ao matrimonio, seguido da Semana da Família; no terceiro, as vocações à vida consagrada e no quarto, as vocações leigas, com destaque aos catequistas. São inúmeras as iniciativas de celebrações, orações e promoção das vocações por toda a Igreja do Brasil.
 

Uma dessas iniciativas é liderada pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), que anima a Semana da Família com a proposição de um tema para ser rezado e refletido em cada dia da semana, que inicia com o Dia dos Pais. Neste ano, a Semana da Família acontecerá de 9 a 15 de agosto e o tema proposto é: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24, 15). Para colaborar na vivência dessa celebração, a CNPF publicou uma edição especial do subsídio “Hora da Família”, com o roteiro de sete encontros para serem realizados em família durante a semana.

Dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Campo Mourão (PR), referencial para a Pastoral Familiar na Igreja do Paraná e membro de Comissão Episcopal Vida e Família da CNBB, concedeu uma entrevista sobre a importância de viver essa Semana da Família, especialmente neste ano de 2020, no qual enfrentamos uma pandemia, que nos afetou também como família.

 

 

1. Qual a finalidade de se ter uma Semana Nacional da Família?

A finalidade de se ter uma semana para a família é promover nas comunidades e nas paróquias a discussão em torno de uma temática. Claro que a reflexão sobre a família é importante o ano todo, mas em agosto, a cada ano, a Igreja propõe uma temática de reflexão para que os grupos e as famílias em todo Brasil estejam em sintonia em torno de um mesmo assunto.

2. Comente sobre a escolha do tema, voltado a questão do serviço: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24, 15).

É importante lembrar que Josué é aquele que chega à Terra Prometida e ali organiza o povo para tomar posse dela. Mas depois de um determinado tempo, o povo esquece de tudo que Deus fez por eles e volta a recordar e adorar os deuses antigos do Egito. Então, Josué convoca uma assembleia e diz para todo o povo: vejam o que Deus fez por nós, ele nos libertou e nos deu uma terra, na qual podemos viver livremente e vocês deverão escolher a quem vocês querem servir, pois eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Com isso, o povo levanta os braços e acolhe novamente a mensagem de Josué para seguir o Deus de Moisés, que os conduziu à Terra Prometida, que os libertou do Egito e que agora está com eles.

3. Qual a importância da vocação ao matrimônio para a vida da Igreja e da sociedade?  

A vocação ao matrimônio é encontrada na Sagrada Escritura, desde quando Deus criou o ser humano. No primeiro capítulo do livro de Genesis diz que “Deus criou o homem a sua imagem e semelhança” (cf. Gn 1,7), no segundo capítulo diz que “por isso o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá a sua esposa e os dois serão uma só carne” (Gn 2,24). Depois, no Novo Testamento essa fala reaparece, com o acréscimo de que “o homem não deve separar o que Deus uniu” (cf. Mt 19, 5-6). Portanto, a vocação do ser humano para se unir em vida conjugal está presente desde a criação, assim o matrimônio é expressão do amor de Deus pela humanidade.

Se o amor de Deus pode ser personificado é nos casais que se amam e manifestam ao mundo o amor de um para com o outro. Por isso, é muito importante a sociedade olhar para o testemunho da família, que é a célula onde os filhos nascem, são educados, aprendem com os pais os princípios e os valores da vida social e da vida cristã. Enfim, é na família que o ser humano aprende a viver em harmonia com os demais e o amor que permeia esta realidade é o amor conjugal.

4. O que esse ano, em que vivemos uma pandemia, pode ensinar às famílias?

Durante este tempo de pandemia, podemos notar que as famílias estão mais juntas, mais unidas. Isolados em casa, como medida de prevenção, tem sido comum ver os pais acompanhando os filhos na tarefa escolar, nas aulas online ou em outras atividades e até mesmo nas brincadeiras. As famílias reinventaram a forma de se encontrar. Isso gerou uma coisa extraordinária que foi a redescoberta do encontro na família. Com a pandemia, as famílias acabaram encontrando mais tempo para estarem unidas. Esse momento que estamos vivendo provocou na família uma maior intensidade naquilo que deveria ser normal, como os pais consumirem tempo com os filhos. A lição que podemos tirar dessa pandemia é que ela obrigou a família a estar reunida para todas as atividades que ela se propõe a fazer.

5. Deixe uma mensagem de incentivo para que as famílias vivam e celebrem essa semana dedicada a elas na Igreja.

Não deixe passar despercebido essa Semana da Família. Organize em casa, com os filhos e com quem for possível, ou então um grupo online maior, momentos de encontro, reflexão e oração. “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” é a inspiração bíblica para essa Semana da Família. Então, o que eu desejo é que você e sua família façam alguma coisa e não deixem passar despercebido. A Igreja oferece um momento extraordinário de aprofundamento, sobre a grandeza e a beleza que é a família. A família é a base de toda a sociedade, por isso, quando a família vai bem a sociedade vai bem, e onde a família não está bem, nada dá certo. Portanto, faça da sua família um espaço onde os filhos possam crescer seguros, tranquilos, fazendo a experiência do amor do pai e da mãe, algo que só encontramos na família.

No vídeo a seguir, Dom Bruno fala sobre o subsídio “Hora da Família” que propõe 7 encontros para serem realizados durante a Semana da Família.

CNBB Sul 2

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