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Pastoral Afro do Regional Sul 2 da CNBB realiza encontro de formação sobre a Campanha da Fraternidade

Políticas Públicas com enfoque na causa negra foi o tema da formação da Pastoral Afro, realizada em Curitiba. Representantes de sete arquidioceses e dioceses do Paraná; participaram do encontro.

04/06/2019

No dia 25 de maio de 2019, a Pastoral Afro do Regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizou o encontro de formação sobre a Campanha da Fraternidade 2019 com o tema: Políticas Públicas, com enfoque na causa negra. Participaram membros da pastoral das Arqui/Dioceses de Curitiba, Maringá, Londrina, Apucarana e Guarapuava.

A discussão do tema no encontro foi dinamizada por João Santiago, teólogo, militante e coordenador da CF 2019, que fez a mediação dos facilitadores com o tema Campanha da Fraternidade e Políticas Públicas. Em sua explanação, João falou da importância da discussão desse tema para o País. “A união entre todos os povos é necessária para o equilíbrio do Planeta Terra e a garantia da vida humana, com todos os seus saberes e costumes”, disse.

Daniel Monteles Soares, acadêmico em comunicação social, candomblecista e participante do coletivo frente negra e da “afropretinhosidade”, abordou o genocídio da juventude negra, apresentando dados estatísticos que mostram como a população jovem negra está sofrendo violência e morte em maior número. “Todos os dias, perdemos nossos jovens. Nós queremos viver. Precisamos nos posicionar e lutar para a garantia e melhorias das políticas, cotas e fazer valer a lei 10.639/03”, afirmou.

Tânia Pacífico, pedagoga, membro do grupo Irê ya e da secretaria da promoção da igualdade racial e combate ao racismo, destacou a importância da mulher negra na sociedade brasileira. “Temos muitos desafios e precisamos ocupar os espaços de poder nas universidades e na política. A luta contra o racismo é muito dura, precisamos cuidar de nossas crianças e ajudarmos umas às outras”, acrescentou.

Paulo Borges, filósofo católico, coordenador e idealizador do curso Branquitude e Negritude do CEPAT, falou da necessidade de proteger as ancestralidades, a história e as raízes. “Somos um povo resistente. Temos referências como Tomás de Aquino e Santo Agostinho. Também as ialorixás que são, em sua essência, a verdadeira transcendência do sagrado”, abordou o filósofo.

Alguns participantes deram testemunhos de momentos em que sofreram preconceitos.

De acordo com a coordenadora da Pastoral Afro da arquidiocese de Curitiba e vice-coordenadora do Regional Sul 2 da CNBB, Cristina Oliveira, o encontro teve muita música, poesias, abraços e sorrisos. O almoço foi no Quintal da Maria, espaço cultural, de referência na cidade pela decoração e pelo público que frequenta. “A Maria, mulher negra, dona do estabelecimento, pessoa alegre e muito forte, nos recebeu juntamente com a sua família e contou sua história. Ela era empregada doméstica e seu sonho era ter um bar com muito samba e alegria para receber os amigos. Começou vendendo espetinho na frente do terreno abandonado e sujo de entulhos e que hoje é o Quintal da Maria”, relata Cristina.

Na segunda parte do encontro, foi realizada a missa inculturada afro, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, presidida pelo Bispo Dom Antônio Wagner da Silva, concelebrada pelo padre Danilo e participação de todo o povo negro. “A alegria do povo negro é contagiante! Não percamos nunca a nossa alegria, é ela que nos acompanhará nas horas de luta”, incentivou Dom Wagner.

Por Izabela Scorsin (estagiária), com supervisão do Centro Diocesano de Comunicação (CDC)

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